segunda-feira, novembro 13, 2006

Educação, liberdade e as perspectivas dos jovens

No Brasil, o Estado sempre foi uma instituição de importância imensa. As responsabilidades a ele atribuídas são tantas, que é costume generalizado culpar o governo primeiro. Com a educação, não é diferente: o Estado brasileiro sempre usou o dinheiro dos impostos para financiar uma educação chamada “pública”, como tantos outros serviços que não estão necessariamente ao alcance de todos mas são pagos por todos.

Neste país, é tabu criticar qualquer forma de transferir um serviço realizado pelo Estado para a iniciativa privada; no caso da educação, simplesmente sugerir que talvez não seja responsabilidade do governo provê-la de graça a todos é certeza de ser crucificado. Portanto, já que discutir um assunto como esse é provavelmente um desperdício de tempo, observemos um fato inegável por qualquer pessoa com uma mínima noção do estado atual deste país: a educação “pública” está em uma situação lamentável, tanto em termos de estrutura quanto de resultados.
A solução imediata apontada pela maior parte das pessoas é “mais verbas!”, mas até mesmo algo aparentemente simples e óbvio como redirecionar mais verbas para aumentar a qualidade de certo serviço não é necessariamente verdadeiro no Brasil. Aqui, existe todo tipo de obstáculo burocrático, auxiliado pela corrupção e incompetência, para que as verbas não cheguem onde deviam, ou sejam mal utilizadas. Melhorar a qualidade dos gastos do governo é um passo que precisa ser tomado para que a do ensino público também melhore. Mesmo assim, talvez a solução para os alunos brasileiros não esteja exclusivamente na melhora das instituições de ensino...

Apesar de a educação pública deixar a desejar, o fato de alguém estudar em uma escola boa ou ruim não sela seu destino – muitos alunos esforçados de escolas públicas chegam onde muitos alunos medíocres de escolas particulares jamais sonhariam. O esforço e capacidade individuais são capazes de superar qualquer barreira, inclusive uma má instituição de ensino.

Já que há bons alunos em escolas ruins e vice-versa, deve haver alguma razão para grande parte dos alunos apresentar maus resultados ao longo de seu período escolar, além da má qualidade do ensino em si. O aluno regular de uma escola pública do ensino médio, por exemplo, tem pouca ou nenhuma perspectiva de melhorar de situação. A falta de oportunidades, e o “sonho brasileiro” (conseguir um emprego que se dê por garantido, sem necessidade de grandes esforços) não contribuem para o sucesso de nossos jovens.

Nesse ponto, o Estado brasileiro falha duplamente. Falha em oferecer uma educação de qualidade aos jovens, e falha ao sugar o sangue dos brasileiros através de impostos e burocracia asfixiantes. O empreendedorismo e o sucesso são sufocados e punidos, enquanto programas assistencialistas premiam a mediocridade (com o perdão da palavra). Como podemos esperar que nossos jovens dêem o melhor de si, se não há com o que sonhar?