Adeus, Marx!
"O Capitalismo gera o seu próprio coveiro, pois é fundamentado na Injustiça Social e na exploração do Trabalhador” Karl Marx
Karl Marx viveu no século XIX e presenciou a Segunda Revolução Industrial. Assim, sua teoria propõe-se a analisar o papel do setor secundário na Economia e principalmente do operariado.
Marx estava certo, quando dizia que um sistema que tende a excluir e explorar uma maioria em benefício de uma minoria está fadado ao fracasso. Exemplos não faltam. O Antigo Regime caiu porque a maioria oprimida se levantou e fez uma revolução, a Francesa. De acordo com essa lógica, Marx então pensou que assim que os operários se unirem e fizerem a revolução, como está escrito em o Manifesto Comunista, o capitalismo ruiria. É, parece que estava correto. O Capitalismo não era selvagem. Era desumano. Até crianças trabalhavam em condições subumanas.
Devemos lembrar, no entanto, que essa teoria é do século XIX. Após 200 anos, o “injusto” Capitalismo mudou. Vamos, portanto, analisar as novas relações de trabalho.
Como dito antes, era o operariado (incluído no setor secundário) que estava em expansão e fortalecimento, graças à crescente influência que a Indústria detinha na Economia, pois um país desenvolvido era um país industrial. Marx, então, formula sua teoria com base nesse setor, após analisar as relações de trabalho existentes entre patrão e empregado, estas serem mesmo de exploração. Portanto, esse operariado deveria se unir (“Trabalhadores de todo o mundo, uni-vos” Manifesto Comunista) e derrubar o Capitalismo, inaugurando o Socialismo e o bem-estar de todos os trabalhadores.
Mas atualmente o operariado tem nenhuma ou pouca influência, porque as transformações pós-II Guerra alteraram a estrutura social mundial: Vemos hoje a ascensão do setor terciário da Economia, os Serviços. Pode uma teoria baseada no segundo setor servir para o terceiro? Não. Segundo Domenico de Masi, que criou a teoria da Sociologia do Trabalho para o século XXI, o empregado, não mais operário, tem como função atual inovar. Neste século, não importa quem tem mais indústria poluidora, ainda segundo de Masi. Importa quem investiu em capital humano, e esse capital retorna em forma de serviços na área de tecnologia. Quantas invenções presenciamos cada vez mais rapidamente? Quantos trabalhadores ganham mais e vivem melhor do que no século XIX?
E a indústria? Os robôs trabalham agora. E o antigo operário, imortalizado na figura do apertador de porcas e parafusos, hoje é programador de robô, analista de sistemas, desenvolvedor de hardware, inventor.
Outro ponto que a teoria de Marx toca é sobre a questão da perda dos “meios de produção”, e sua conseqüente apropriação pelo burguês. Isso no século XIX. Atualmente, a grande maioria dos empregados são donos dos meios de produção, graças ao aparecimento dos acionistas. Qualquer pessoa, seja ela rica, pobre, burguesa, comunista, pode investir na bolsa de valores e comprar ações de qualquer empresa que lá esteja negociando-as. A partir do momento que essa pessoa as compra, estará comprando uma parcela da empresa, e terá direito aos dividendos, que são porcentagens que a pessoa ganha em cima do lucro dessa empresa. Os trabalhadores do Bradesco são um exemplo. A política desse banco é vender ações para seus trabalhadores, de forma que o controle da empresa não saia dos trabalhadores do Bradesco. Os presidentes atuais desse banco foram trabalhadores dele.
Qual o papel de Marx na História então? Foi um dos primeiros a criar teorias econômicas sobre o funcionamento do Capitalismo. Influenciou na criação de sindicatos, associações e uniões para lutar por direitos trabalhistas. Hoje, suas teorias encontram diferentes realidades, e não servem para explicar o presente. A esquerda que percebeu isso, principalmente a européia, hoje luta por políticas de Estado que barrem a criação de desigualdades e injustiças no Capitalismo, como políticas de educação e criação de Agências Reguladoras. Diferentemente da velha e arcaica esquerda brasileira, que ainda discute formas de ditadura do proletariado, de confisco do patrimônio alheio (em nome do “bem comum”, óbvio) e de políticas de Estado soviéticas de “fomento” do desenvolvimento. Vide P-SOL, PSTU, PCO, e grande parte do PT.
5 Comments:
Poxa, não temos comentários aqui??tem que divulgar mais o sitio.
Esqueceram de citar alguns argumentos aonde o Marx viajou, como condicionar a humanidade a um padrão massificado, não reconhecendo a individualidade, algo possível para se condicionar um ser humano só através de uma forte "lavagem cerebral".
E não esqueçam de das os méritos ao marx pela sua análise de uma sociedade através dos meios de produção, aparte mais atraente de seu trabalho.
o legado de Marx fica em sua metodologia, seu pensamento de análise insuperável até hj e que muitos marxistas contemporâneos trouxeram suas críticas p/ os dias de hoje e capitalismo atual...portanto falar q Marx não é atual é realmente fazer sua leitura da forma mais ortodoxa e cabal possível, é querer usar de argumentos já superados no meio acadêmico...desculpem...mas de direitistas liberais infundados o mundo está cheio...próxima vez tenha argumentos mais embasados dpois de ler marxistas atuais...
Discordo. Marx criou uma corrente de análise do capitalismo que é muito seguida por boa parte dos "intelectuais" e "acadêmicos" de nossas vermelhas Universidades. Quanto à análise histórica, foi um ângulo de visão criado, orginial em alguns aspectos, e totalmente copioso quanto a outros, como à existência de "classes sociais". Diversos outros autores já citavam, não com esse termo, espalhado por Marx.
Quanto à análise do capitalismo, diversas outras correntes, algumas com influências de Marx, já abandonaram a idéia de Revolução Operária, como a Social Democrata, que rompeu com a Internacional no começo do século XX. Nosso texto não tem o objetivo de dizer que Marx não é atual, mas de enfatizar que muitas de suas análises são ultrapassadas, como a questão da Revolução e da importância do operariado, e criticar partidos e seitas, mais parecidas com religiões fundamentalistas, que pregam passadismo e idiotices jurássicas para o mundo moderno.
bla bla bla
Erro crasso: "Atualmente, a grande maioria dos empregados são donos dos meios de produção, graças ao aparecimento dos acionistas."
Correção: "Atualmente, boa parte da população economicamente ativa está desempregada ou subempregada. Pouquíssimos são remunerados de acordo com o 'valor real' de seus trabalhos e menos ainda são os que possuem ações das próprias empresas em que trabalham, os quais poderíamos chamar, 'por aproximação', de 'donos dos meios de produção'."
Um abraço,
Fábio Caetano - Salvador / BA
fccdoors@oi.com.br
02/07/2007
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