sexta-feira, janeiro 19, 2007

O Trabalho na Era Pós-Industrial

Provavelmente uma das mais antigas invenções do homem, o trabalho foi o principal pilar da construção de nossa civilização. Para ele, diversos estudos e definições foram criados para compreendê-lo melhor. Mas será que são válidas para o moderno trabalho? E o papel das máquinas? O homem ficará relegado ao trabalho intelectual?


O trabalho surgiu fruto da razão humana. O fato de estarem organizados em sociedades e para extrair dessa organização uma vida melhor certamente contribuiu para a criação da divisão e da racionalização do trabalho. Civilizações passaram a crescer e serem organizadas conforme o valor dado ao trabalho. Na Grécia Antiga, o trabalho braçal era visto como algo nocivo ao corpo e à mente pela elite, esse feito exclusivamente pelos escravos e camponeses. Restava a ela o trabalho intelectual. Na Idade Média, toda forma de trabalho era nociva para a nobreza e a realeza, essa também organizada numa sociedade estamental, em que o trabalho era obrigação do Terceiro Estado.

O valor do trabalho, portanto, variou de cultura para cultura, de civilização para civilização. E hoje? Graças ao desenvolvimento das sociedades capitalistas e do valor da riqueza para nós, o trabalho, qualquer um, seja intelectual ou braçal, é visto como enobrecedor e produtor de riqueza.

E quanto à organização do trabalho nas sociedades capitalistas? Para isso temos diversos pontos de vista, sendo o mais conhecido o marxista. O trabalho vem sofrendo profundas modificações desde a Revolução Industrial, e acreditamos que a ótica marxista não explica muitas delas, especialmente a especialização do trabalhador nem a substituição do trabalho por máquinas. Vamos então a análise da organização do trabalho.

Segundo muitos sociólogos, as sociedades humanas passam ou passaram por três tipos de organização: A sociedade pré-industrial, a industrial e a pós-industrial, e o trabalho presente era diferente. Na primeira não existia muitos instrumentos de ajuda no trabalho, ou de substituição do trabalhador. Na segunda começam a aparecer, como dito e repetido pela ótica marxista. O que nos importa é a Sociedade Pós-Industrial. Aqui, o trabalho braçal, aquele do operário, praticamente inexiste. A máquina o substituiu, e muito bem.

Segundo Domenico de Masi, a Era Pós-Industrial se caracterizará pelo chamado “Ócio Criativo”. Como a sociedade não é mais organizada em um modelo fabril estritamente, o que importa é a inovação. Sendo assim, as empresas se organizarão segundo uma nova lógica: O trabalhador deve ser bem tratado e ter uma excelente formação, de modo que possa inovar. Estará com os dias contados a burocracia, uma trava para o desenvolvimento de novas tecnologias. Esse ócio criativo será então um tempo livre do trabalhador, sem as pressões da burocracia, para criar. Já estamos observando essa nova fase: os trabalhadores do Vale do Silício, onde a missão é inovar, trabalham segundo essa rotina. As empresas de lá, como exemplo o Google e a Microsoft, criaram rotinas para eles de modo que possam se sentir em casa, livres. Mais especificamente o Google, que permite o uso de algumas horas da jornada de trabalho para criar um projeto só seu. Foi desse modo que surgiu o Orkut, criado pela pessoa de mesmo nome.

Outros exemplos de novas tecnologias criadas: o iPod, da Apple. O conceito de ouvir música portátil já existia, mas a Apple inovou. Criou um aparelho de design e ferramentas revolucionárias: é possível ver filmes na telinha desse aparelho.

Mais recentemente temos o iPhone, da mesma empresa: este aparelho é um telefone celular, com acesso à internet e música digital. Sua tela é sensível a toques, e tem a mesma possibilidade de “arrastar” ícones e imagens como um mouse em um computador faz.

Para as sociedades pré-industriais, ou mesmo industriais, Domenico de Masi explica a receita: invistam em educação, para formar um capital humano inovador, e principalmente: deixem o capitalismo trabalhar.