As Privatizações e a Novilíngua Petista
“Ignorância é Força"
Já há algum tempo, circula na Internet um livreto denominado “Novíssimo Dicionário de Novilíngua Petista”, em alusão à obra de George Orwell. A princípio, parece mais um desses spams de humor. Mas a coisa é mais séria do que parece... Além dos primeiros verbetes desse dicionário, pensei que poderia acrescentar dois. Um deles é golpista. Golpista é aquele que preza pela justiça, tenta desmascarar e punir políticos corruptos. O outro, que no caso é bem mais grave, pois mexe com o imaginário do povão e já está completamente disseminado como um verdadeiro dogma, é privatizar. Privatizar é vender o patrimônio do povo, é entregar o que é nosso aos porcos capitalistas que conquistaram algo na vida com muito esforço e que geram empregos, é possuir chifres e uma cauda vermelha com uma seta na ponta, é destruir, é fazer o pacto com Mefistófeles. Não interessa se é bom ou não.
Uma prova disso é a campanha eleitoral, principalmente do segundo turno. Já repararam? Ela se baseia assim: Fernando Henrique Cardoso, do partido do Alckmin, privatizou mais de setenta empresas. Geraldo Alckmin privatizou um monte de empresas em São Paulo. Lula afirma que não vai privatizar mais nada. Diz também que o apedeuta não privatizaria a Vale e as Teles. Mas não há discussão alguma. Ninguém discute nem explica se é ou não interessante para o país, analisa os resultados das anteriores ou faz uma perspectiva para futuras privatizações. Para quê, não é mesmo? Afinal de contas, todo o povo já sabe que são maléficas e demoníacas. O pior de tudo é quando o candidato da oposição não tem mais o que fazer a não ser concordar com isso e se entregar a essas idéias, tal a situação criada em nosso país. É a Novilíngua Petista!
Vamos nos concentrar nas empresas que a propaganda Lulista nos aponta: CVRD e a Teles.
A Companhia Vale do Rio Doce foi privatizada em 1997, vendida para a Companhia Siderúrgica Nacional – CSN -, em leilão realizado na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro. O leilão contou com a participação de várias empresas e 41,73% das ações ordinárias do Governo Federal foram adquiridas pela referida empresa por US$ 3,3 bilhões. O vermelho não pode deixar uma prática dessa passar em banco. Devem, então, arranjar alguma desculpa para criticar a privatização. E a desculpa, como ouvimos a toda hora, é o “preço de banana” pelo qual ela foi vendida. Os vermelhos dizem que uma empresa que vale hoje R$ 100 bilhões de reais não poderia ser vendida por tão pouco. Ora, quem diz isso só pode possuir algum dom especial. Como saber se uma empresa vai crescer? Só com o tempo e com muita luta por eficiência! Se a posição atual da Vale era tão óbvia, por que as outras empresas que participaram do leilão não pagaram mais? Afinal, estava a preço de banana e é claro que elas também gostariam de lucrar tanto, não? Risco! O mundo do mercado e do empresariado é marcado por essa coisa chamada risco. Por essa coisa chamada coragem. E é exatamente isso que a esquerda critica desesperadamente, é medo.
Mais ainda: mesmo assim, boa parte do capital da CVRD pertence ao BNDES e fundos de pensão. Mais de um milhão de pequenos acionistas, trabalhadores que fazem seus FGTS duplicarem, triplicarem, quadruplicarem e até quintuplicarem com os rendimentos. Resultados? Desses então, não precisaríamos nem falar. Hoje ela está em inúmeros estados brasileiros, cinco continentes, um lucro que pulou de R$ 500 milhões ao ano para R$ 10 bilhões. É, seguramente, uma das que mais geram EMPREGOS no país, cerca de 44 MIL diretos contra 11 mil em 1996 e mais 93 MIL indiretos. Agora mesmo, 24 de outubro, saiu a notícia que a canadense Inco teve mais de 80% das ações adquiridas pela Vale, o que a torna a segunda maior mineradora do mundo. Dizer o quê? Seria praticamente impossível essa notícia se a CVRD fosse estatal, pois não teria como investir. No entanto, todos os anos são bilhões e bilhões de reais de impostos ao governo com a empresa privatizada. Nada mau! Mau é para os petistas que querem abrigar seus correligionários fracassados e criam milhares e milhares de cargos de confiança, abrindo ainda mais espaço para a corrupção.
E o Lula disse que não privatizaria! Ora, quer mais que as Teles, que ele disse que também não privatizaria? Antes era um terror conseguir uma linha telefônica, havia até leilões! Preços altíssimos, uma espera semelhante à do cometa Halley. Hoje ligam em nossas casas oferecendo uma segunda linha. Já são mais de 90 milhões de telefones celular no país! No setor de empregos, mais de 100 MIL postos já foram criados pelas Telecomunicações após a privatização. Será que isso não é inclusão? Será que isso vai realmente contra os interesses do país como pregam os petistas? E tudo isso com um contrato sério e uma agência reguladora responsável por não permitir nenhuma sacanagem.
Como se vê, só uma mente completamente fechada pode caminhar na contrapartida. Como disse recentemente o economista Rodrigo Constantino, a gente ainda está discutindo se a Terra é redonda ou quadrada e chegamos à conclusão de que é quadrada! Quando o Estado é empresário, a corrupção atinge um potencial muito maior, que vai desde dinheiro desviado para campanhas, propinas (como nos correios), cargos de confiança para abrigar os “companheiros”, até superaposentadorias para os funcionários públicos. Isso fora a administração ineficiente, gastos exorbitantes e inibição de investimentos externos. É disso que Lula se declara a favor quando diz que não privatizaria.